O Contemporâneo
Reportagem: Cleissiane Gaspar, Gleyce dos Santos e Samantha Frazão.
O Naturalismo e o Parnasianismo estão definitivamente mortos, conforme sentenciou um crítico literário da época:
“Em uma época que, sob o pretexto naturalista, a arte foi reduzida somente a uma imitação do contorno exterior das coisas, os simbolistas voltam a ensinar aos jovens que as coisas também têm alma, alma da qual os olhos humanos não captam mais do que o invólucro, o véu, a máscara.”
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momento, passa por transformações provocadas pela Primeira Guerra Mundial. Idéias científico-filosóficas e materialistas que procuravam analisar racionalmente a realidade e assim apreender as novas transformações estão surgindo na Europa.O mundo presencia a euforia capitalista, o avanço científico e tecnológico. A burguesia vive a belle époque, um período de prosperidade, de acumulação e de prazeres materiais.
Com a evolução das ciências e o conseqüente aparecimento de novas teorias, as outras escolas literárias como o Realismo, Naturalismo e o Parnasianismo logo se esgotam e abriu-se o espaço para um novo movimento em socorro à criatividade humana tão pouco requisitada na época, o SIMBOLISMO, na Arte e na Literatura, visando à produção de obras que permitam um trabalho intelectual e emocional intensos por parte de seu receptor; esse exercício intelectual e emotivo pretende aprimorar a inteligência e a sensibilidade humanas . O relevo dado ao interior do ser humano no Simbolismo é conseqüência dos postulados das teorias freudianas.
O surgimento desse movimento aqui no Brasil é num período marcado por conflitos políticos e sociais. O país encontra-se em plena transição do regime escravocrata para o assalariado. A virada do século traz expectativas por um "novo mundo", mas ainda são muitas as frustrações e angústias de um país em que não se atingiu a consolidação dos ideais republicanos. Apesar da Proclamação da República, os brasileiros se vêem ainda imersos num mundo de práticas sociais excludentes, onde inexistem valores como a cidadania e os direitos que dela advêm. Assim, o Simbolismo literário brasileiro ganha matizes muito particulares, acentuados por escritores que se ocuparam em defender as causas das liberdades civis.
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Alphonsus de Guimaraens |
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João da Cruz e Souza |
Foram relatados que a publicação de Broquéis e Missal , de João da Cruz e Souza, inaugura este movimento, que se caracteriza por melancolia, gosto dos ritmos fluidos e musicais, incluindo o uso de versos livres; uso de imagens incomuns e ousadas. O cuidado na evocação das cores e de seus múltiplos matizes mostra, também, uma influência do Impressionismo. Alphonsus de Guimaraens é um outro possivel sustentador desse movimento racionalista.
Com exclusividade, Sua grandiosidade que já se vê presente no primeiro poema,Broquéis de Cruz e Souza.
ANTÍFONA
“Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras
Formas do Amor, constelarmente puras,
De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas ...
Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
De luares, de neves, de neblinas!
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras
Formas do Amor, constelarmente puras,
De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas ...
Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes ...”
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes ...”
Poema composto para servir de introdução ao livro Broquéis, transformando-se em síntese do Simbolismo, é a maior expressão de sinestesia, que se dilui no vago, no abstrato.
Edição limitada Ano: 1893